Este é um assunto que me intriga desde a faculdade de Direito. Tive um professor de Sociologia que afirmava em sala de aula, baseado na obra de Max Weber, "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", que os protestantes, principalmente os calvinistas, teriam gerado o espírito capitalista do ser. Para ele, mal interpretando Calvino, assim como Weber o fez, a teoria da eleição afirmaria que o seguidor deste pensamento haveria de ser um homem de sucesso, de posses.
Weber, em seu livro, ainda relaciona estatísticas de época a esta famigerada teoria, mostrando que os protestantes dominariam a maior parte da riqueza produzida e teriam muito mais acesso às Universidades na Alemanha do que os católicos, por exemplo. Ora, não seria, no mínimo, plausível pensar que aquele que busca por mais, tem a possibilidade de se ter mais? Ou seja, é perceptível que o homem protestante indaga mais, questiona mais, PROTESTA mais. Isso em relação ao católico, que sempre fora um povo de "aceitação".
Se acompanhássemos duas crianças, desde sua tenra idade, onde uma seria mais questionadora (alma protestante) e a outra não, aceitaria tudo que a mãe, professora, etc. lhe falasse (alma católica), estes dois infantes, por lógico, teriam educações diferentes, não no sentido do que lhe foi ensinado, mas a forma de recepção deste conhecimento. Assim como é clássico o exemplo na Psicologia Infantil de duas crianças criadas pela mesma mãe, tendo personalidades diferentes; consequência esta da recepção do conhecimento, da reação emocional em torno que lhe é passado. Bem, voltando ao pensamento do que denominei "almas" protestantes e católicas... da maneira que pensamos, a criança que fora criada com mais questionamentos, mantendo esta forma, consegue adquirir mais conhecimentos, pois buscará mais em sua adolescência e juventude, o que refletirá em sua vida adulta, quando aplicações práticas ocorrerão, tendo, por consequência, maior possibilidade de sucesso do que aquela outra criança que não foi habituada a pensar nas coisas que lhe são ensinadas.
Não é aqui, por certo, minha intenção afirmar que o protestante tem mais capacidade do que o católico, mas sim de concluir que uma criança questionadora, que normalmente verte para o espírito protestante, tem sim mais condições e mais chances de sucesso do que uma outra que assim não agiu ou foi "treinada" (relembrando Skinner).
Concluindo, o fato de ser protestante ou católico não determina o sucesso. Não é porque um ser é calvinista que este terá mais sucesso do que um católico na vida material, mas sim porque este ser foi treinado ou nasceu com o espírito indagador, questionando a tudo que lhe é passado, descobrindo por si os motivos e razão da sociedade que o circunda e a maneira de interação da mesma com este indivíduo. Poderíamos assim, por exemplo, colocar a "culpa", na filosofia... por que não? Afinal, um filósofo é mais indagador que um não-filósofo.
Não obstante, na sociedade capitalista atual, o filósofo não é materialmente mais valorizado do que um advogado, por exemplo. O PENSAR deste primeiro não tem a mesma motivação social do último. Daí surgem outros problemas, dos quais tratou Weber de expor e comparar novamente com as teorias de Calvino. Continuaremos sob esta temática na próxima postagem.
Corretíssimas as suas notações. Respeitando as qualidades inatas de cada ser, todos são capazes. Bastam as oportunidades serem materializadas: recursos, ambiente e visão das pessoas responsáveis. Uma boa ilustração já conhecida: Tira um bebê de uma tribo bem primária para ser educada por pessoas de excelente visão de desenvolvimento humano e ela se tornará de grande valor. Faça-se o contrário e verá o outro lada da moeda. O filme My Fair Lady, que vai ser reeditado ilustra muito bem o que estamos dizendo. Calvino valorizou as potencialidades humanas a favor da vida. É claro que ele foi um homem de auto-disciplina rigorosa e via a disciplina como um dos meios de conquista daquilo que se planeja. E isto é bíblico. Jesus disse que quem quiser seguí-Lo precisa primeiro negar a si próprio, tomar a sua própria cruz.
ResponderExcluirNão me recordo o psicólogo, Skinner, Watson.. não lembro mesmo... mas que possuia uma teoria bem interessante sobre a criação e desenvolvimento humano.. este dizia que se dessem uma criança a ele, ele faria esta criança ser o que bem entendesse. Ou seja, seria possível modelar o comportamento, (questionador, por exemplo) quando feito em tenra idade.
ResponderExcluirIrei postar abaixo os comentários de Dr. Ariosvaldo Silva, grande mestre e amigo:
ResponderExcluirO grande problema do sucesso dos chamados "protestantes" é que eles tiveram a oportunidade e o direito de raciocinar, coisa rigorosamente proibida pela igreja católica. Sabemos que quem se arvorasse em pensar os padres imediatamente o mandavam para a fogueira. É certo que muitos pensadores católicos produziram grandes feitos, mas muitos deles tiveram fim trágico. Giordano Bruno é um exemplo, e Galileu não foi queimado em virtude de o Cardeal Barberini então Urbano VIII, teria sido aluno do cientista florentino, impedindo a sua more. Copérnico teve de sair às pressas de Veneza, e por ai foram as coisas. Se não fosse a audácia dos protestantes, ao darem partida à Revolução Industrial, sim, pois foi um pastor protestante que deu a partida àquele movimento, pela igreja católica estaríamos ainda hoje quebrando pedras a marretadas. Os países protestantes triunfam economicamente, enquanto os que vivem sob a bandeira do catolicismo ainda permanecem num atraso descomunal. Vou deixar espaço para outros comentários.
Ariosvaldo V. Silva
Gostei do tema tratado Dr.Fabrício. Com relação à Igreja Católica vejo que até nos dias de hoje o mesmo ocorre, pois não vemos quase nenhum membro ou simplesmente participante com uma Bíblia na mão ao se dirigir para a missa, justamente para que não se leia a mesma e assim possa haver questionamento, são como "vacas de presépio" simplesmente sendo catequisadas, e não tomando uma posição de questionamento como os protestantes. Vejo também que atualmente algumas denominações que se dizem protestantes, como a IURD entre outras da linha pentecostal, que ao meu ver são simplesmente seitas, fazem o mesmo com seus "associados", enganando-os e os mesmos se deixam enganar por simples interesse. Vejo a diferença, entre a população da classe menos favorecida da nossa população, que é de maioria católica, com a de outros países predominantemente protestante com a mesma situação econômica, as desses países sempre questionam, reinvidicam e sempre estão na vanguarda da maioria das revoluções que nosso mundo passou, enquanto aquelas são plenamente subservientes à autoridade, seja ela eclesiástica ou política, não que eu esteja aqui pregando a anarquia, mas sim o questinamento construtivo.
ResponderExcluirGrande abraço.
Excelentes discursos postos, uma grande demostração de que compreendemos a teoria e não as demostramos em prática, é a nossa política, em que vemos com nitidez o falso dialeto proposto por políticos. Nós vemos que não esta seguindo um método que envolva a lógica como seria a situação mais cabivel a essas tipicas "questões". Resaltando a questão imposta no comentário anterior, o irmão carregando a bíblia,sendo uma pessoa em que não conseguimos detectar a "alma" postestante no ser. Não que eu esteja criticando as leis divinas, apenas gostaria de lembrar que na minha opinião o que mais deveria ser levado em consideração seria a lei natural(Imposta pelo homem, através da razão).
ResponderExcluirUm grande abraçoa vocês.