segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pilares – SOLA SCPRITURA (III)

Este terceiro pilar me forçou a estudar um tanto mais, logicamente, não afirmando estar esgotado o assunto ou outros escritos, devido a imensa complexidade do tema.

SOLA SCRIPTURA (somente as escrituras) – princípio que traz por base ter-se as escrituras sagradas (a Bíblia) como único documento passível de nos responder o que encontra-se disponível a respeito de Deus e seu plano de salvação. Este pilar afirma que qualquer interpretação a respeito de Deus deve estar baseada exclusivamente no texto bíblico.

Caso fizéssemos um comparativo com o Direito brasileiro, seria a “Lei seca”, entretanto não seria permitido aqui aceitar doutrinas, analogias e costumes. Apenas a Lei, “Sola Scriptura”!

Os reformadores afirmaram ser a Palavra a única regra de fé e prática do cristão, o que agrediu à “santa” igreja romana, pois o papa ditava (ainda o faz) as normas baseado em suas próprias conclusões, através das “bulas” (como se medicamentos fóssemos!), dogmas e, principalmente, tradições. Não digo aqui que todas as tradições são errôneas, pois são costumes fixados pelo tempo, pela história. Entretanto, me refiro às tradições relacionadas à Bíblia… estas sim, estão erradas, pois não possuem base teológica pautada na “Scriptura”. Assim acontece também dentro das igrejas evangélicas e isso não é alertado, infelizmente. Há tradições ali impostas que não possuem qualquer embasamento bíblico, mas pura interpretação de um pastor, de um conselho, de um concílio… isso precisa ser repensado.

Um tema, bem relacionado a este pilar, muito interessante é o perdão. Sim, o perdão… A Palavra diz que o perdão é gratuito, que Deus não cobra nada de nós, pois nem isso seríamos capaz de fazer.. dar algo em troca do não merecido perdão. Mas a igreja romana, por exemplo, através do perdão papal e sacerdotal, o vende. Antes, a troco de indulgências pecuniárias; hoje, por meio de penitências… 300 “ave maria” aqui, 200 “pai nosso” ali… acender vela praquele santo morto ou subir de joelhos tal escadaria.. como o ser humano é ridículo.. como se Deus fizesse troca…: “olha, Senhor… permita meu filho passar no vestibular e eu vou de joelhos até a cidade de Aparecida”. Deus de câmbio, de favores. E o pior, quem impões as regras é o próprio homem… como se ele tivesse algum poder de estipular o que quer e como quer perante Deus. Difícil de engolir essa… As evangélicas renovadas repetem o erro e ainda marcam horário para o deus deles trabalhar, efetuar milagres, etc… um deus escravo do que querem fazer. Patético.

Atualmente está difícil mesmo ser cristão. Não se ouve mais a voz de Deus como antigamente. Quando Jesus parava para pregar, apenas se dirigia ao povo e falava ou lia. Hoje, temos tv, rádio, internet,.. muito barulho! Na teoria da Comunicação, o ruído está mesmo atrapalhando MUITO. O mundo atual impõe obstáculos tremendos. Além disso, as pessoas vão às igrejas para ouvir sermões “lights”, de auto-ajuda, sempre uma palavra à seu favor. Não entendem estes o real significado do culto À DEUS. Não percebem que Deus pode falar várias vezes contra o ser humano (com toda razão, CLARO), mostrando quem somos, nossos erros.. mas isso ninguém quer. É mais fácil viver como estamos, não é?

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Pilares – SOLA GRATIA (II)

O segundo pilar trata da Graça – SOLA GRATIA (somente a graça). Este é um conceito dos mais interessantes na teoria reformada, exatamente por causar diferentes reações e sentimentos naqueles que relutam em aceitá-la (a teoria, não a graça). A teoria em si consiste no fato que tudo que temos é dado por Deus, diretamente, pela sua maravilhosa graça. A recepção deste conhecimento pelo homem pode ter dois resultados, dependendo do modo que este ser enxerga sua própria vida.

Assim, temos dois tipos de reação, ou resposta: 1) positiva: em homens que já sabem não merecer nada e quem tudo que fazem na vida não é nada em relação ao que Deus faz por ele, cientes de que não são merecedores de tal graça; 2) negativa: em homens que acham que são bons, acima da média, que “fazem por onde” merecer aquilo que Deus dá… como se retribuisse pelos favores prestados, normalmente são religiosos.

Graça é o ato de Deus, que vem a nosso encontro (e não o contrário), para nos dar aquilo que não merecemos. Esta iniciativa é exclusiva de Deus  (Ef. 2:4). Afinal, se tivéssemos aquilo que realmente merecemos, estaríamos perdidos!!!

A graça é irresistível e infalível, segundo Agostinho. Não se pode falar para Deus: “não, obrigado.. não quero isso” ou “não, prefiro não ser salvo”. A graça também é necessária, segundo Lutero, diferentemente do que pensava Erasmo de Roterdam. Para este último (não tão) pensador (assim), Deus nos daria uma ajudinha, mas teríamos que fazer nossa parte. Este pensamento, aliás, ainda é pregador em muitas igrejas romanas e tal cultura ainda se encontra arraigada em nosso meio.

A SOLA GRATIA é uma das maiores teorias da reforma, pois é ela quem nos diferencia das demais “religiões” do mundo. Somente o cristianismo reformado, segundo Philip Yansey, tem esta forma de pensar, ou seja, somente aqui se aceita que Deus tem um amor incondicional. Na SOLA GRATIA, Deus não te aceita por aquilo que você é ou faz, mas porque Ele te ama incondicionalmente, pois se assim não fosse, estaríamos… ou melhor, corrigindo, não estaríamos.. :)

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Pilares - SOLA FIDE (I)

A ideia de Calvino foi muito mais além do simples racionalismo protestante. Sua reforma fora muito mais do que a reestruturação da igreja da época ou da fé confessa. A mudança calvinista reestruturou cidades inteiras, iniciando por Genebra, na bela Suíça. Calvino obrigou-se a estudar, escrever e pregar o que aprendeu a aqueles interessados, os quais fizeram o mesmo, espalhando os conhecimentos para toda Europa e para o mundo, a posteriori.

No que tange à Filosofia da Religião, Calvino estabeleceu algumas bases sólidas para guiar todo o pensamento em relação ao que se deve pensar em total acordo com o que está escrito no livro sagrado. A Bíblia seria sim sua única REGRA para se crer e agir. Alguns pilares foram estabelecidos; cinco para ser mais exato. Estes pilares são a sustentação de toda a fé protestante, apesar de pouco conhecidos no meio "evangélico" atual. A desvirtuação da verdadeira fé parece acontecer novamente na história. No século XVI, a igreja católica vendia suas indulgências para perdoar pecados, até mesmo de pessoas já mortas. Hoje, igrejas "evangélicas" também o fazem através da teoria da prosperidade, onde "quanto mais o fiel entregar à igreja, mais deus dará em retorno". Logicamente, não estou aqui englobando TODAS as igrejas ditas evangélicas, mas à maioria delas incluo com toda tranquilidade.

SOLA FIDE - do latim, "somente a fé". Este é o primeiro pilar a estudarmos. Para tanto, torna-se de vital importância sabermos como responder à seguinte pergunta: "Quem realmente somos?". O texto-base para estudarmos tal teoria encontra-se no livro de Éfésios 2: 1-10, carta esta escrita por Paulo.

Segundo Calvino, morremos no momento da QUEDA, com Adão. Afinal, a palavra de Deus é sempre cumprida. Ele não mentiria para nós, não é? E foi Ele mesmo quem disse: "Se comerdes deste fruto, certamente MORRERÁS". Adão comeu, logo... "Espere, mas Adão não morreu...". Em carne não, mas em espírito. Ali, naquele momento, perdeu seu livre-arbítrio, morreu em relação a Deus.

É comum nos dias de hoje vermos em todas as livrarias que os livros mais vendidos são aqueles de auto-ajuda. É comum ver o ser humano se gloriar de seus feitos, achando-se o dono do mundo. A soberba do ser nos levou à tentativa de criar vida, inventamos para nós mesmos uma teoria absurda de que toda a complexidade de um cérebro humano ou a biosfera por completa fora criada por uma simples explosão (Big Beng). Como o ser humano é ridículo. Imagine você indo a um velório, aproximando-se do caixão e dizendo ao morto: "Vamos.. tente novamente! Você pode, você consegue! Repita comigo: EU POSSO!". Não, meus caros, o ser humano nada pode, pois está realmente MORTO.

Ao menos, nascemos assim... com natureza pecaminosa, desvirtuada da Palavra. Já percebeu o quanto é difícil ensinar a uma criança alguma coisa realmente boa? Em contrapartida, esta mesma criança não precisa de nenhum gurú para ensiná-la a ser egoísta, por exemplo. Nossa natureza humana é assim. Somos assim por causa do que fizemos no passado. Estamos mortos.

Para Calvino, isso mudou. Deus nos deu uma segunda chance e ela tem nome: Jesus Cristo. Para o autor, Cristo é literalmente o Adão que deu certo. O Adão que não caiu. O Adão que não pecou. E mais, foi aquele que enfrentou a morte e venceu, a física por ele e a espiritual por nós. Segundo o texto bíblico, Deus nos ressuscitou em Cristo, ou seja, a ressurreição de seu filho nos levou para uma segunda chance, uma nova vida. Nascemos de novo.

Agora, seu povo caminha vivo, em Cristo. Salvos mediante a fé. Somente pela FÉ (SOLA FIDE). Cremos porque fomos escolhidos, e não o contrário. Não somos escolhidos porque cremos, por nosso mérito, pois o morto nada pode fazer. Deus vem a nosso encontro, e não o contrário. Não fazemos o bem, as boas obras, para conseguirmos a sonhada salvação. Somos salvos, por isso praticamos A (no singular) boa obra, qual seja a FÉ.

Concluo voltando à história antiga, repetida aos dias atuais. Não se pode vender salvação ou remissão de pecados, pois Ele nos deu gratuitamente (meio redundante, mas é aplicável). Não nos deu por nosso mérito, por sermos isto ou fazermos aquilo, mas pela sua imensa bondade (dom de Deus). Por que? Para que não nos vangloriemos perante a Ele. Para termos a ciência de quem é a criatura e quem realmente é o CRIADOR.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Racionalismo Protestante: Um dos resultados da Reforma - parte III

Deparei-me com pensamentos interessantes esta semana, para não dizer hilários. Ando pesquisando e estudando o racionalismo protestante e é necessário uma gama muito grande de escritos e estudos para embasar o que escrevo, logicamente. Já recebo comentários (não pelo Blog) dizendo que tenho colocado em demasia minha opinião e pouca fonte científica, citacional, segura, etc. Por certo, tenho que reconhecer. Mas não só a opinião amiga me fez repensar a maneira de escrever, como também as publicações que tenho lido na Internet.

Assim, esta postagem de hoje servirá como um "direito de resposta", para atender a questão bem formulada, mas com péssima conclusão do blog: oblatvs.blogspot.com - de autor sem muita referência, pois nem o nome é tão simples de se achar no próprio site.

No referido, me chama a atenção a publicação intitulada "Mentiras históricas: Lutero reformador?", onde há severas críticas às ações do pensador Martin Lutero, entretanto, com várias divagações do autor, que assina por Francesco Agnoli (publicada em original no Papa Ratzinger Blog - isso mesmo, do ex-nazista e hoje papa da igreja católica). A mais absurda, para não tratar de todas permenorizadamente, é a questão "Quais foram as consequências da atividade de Lutero?". Ora, não deveria-se tratar de uma questão destas em sites católicos... afinal, ninguém mais do que eles mesmos para saberem o resultado: O RACIONALISMO PROTESTANTE.

O grande problema dos "pensadores" católicos é não executarem sua função com o afinco devido. O racionalismo nos leva a nada mais do que PENSAR. A partir de Lutero, vários "cegos" fiéis da fé confessa daquele tempo puderam pensar, puderam enxergar o que estavam fazendo e professando. A partir de Lutero, houve sim a divisão da igreja ou da Europa, em maiores proporções, como cita o autor do referido blog. Não houve reforma dentro da igreja que somente eles conseguem ver, mas houve REFORMA no pensar, houve reforma na fé (no acreditar), foi possível raciocinar por conta própria. A reforma da fé está muito bem colocado, pois a verdadeira fé foi retomada, foi refeita!

Houve sim, autor, a temida corrupção dos costumes eclesiásticos, o que se torna hilário perante o que realmente estava escrito naquele livro, tão protegido no Latim falado apenas pelo clero da "santa igreja". A partir de Lutero, o povo teve acesso a Deus, não pela via de vossa igreja, mas pela via que Deus instituiu: Jesus Cristo, como estava escrito naquele livro. O livre exame e o livre pensar, o que você chama de heresia, agora é possível. O racionalismo protestante é uma das consequências, não citadas, em sua resposta, caro amigo. Aliás, amigo não... pois se analisar bem as vossas publicações, chega-se à conclusão de que segues a outras culturas, a outros mundos, não reais e muito longe das verdades cristãs.

Por derradeiro, não irei concluir em tons agressivos, pois já tem isto me dado muita dor de cabeça. Não irei aqui condenar e dizer o quão ridículo és colocar em vosso blog a foto de Calvino, chamando-o de "Pai da Abominação", simplesmente por ter mostrado o quanto seu povo está errado.. e sim, "seu povo", pois ao contrário dos católicos, o povo escolhido não procura número, quantificar-se por meio do ecumenismo, ao perceber que sua "teologia" não passa de uma grande farsa.

Que Deus tenha piedade de nossas almas.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Racionalismo Protestante - Parte II

O racionalismo protestante tendo sido característica básica do calvinismo. Apesar de alguns pensarem que a racionalidade determina a salvação, novamente tomando falsas conclusões das obras de Calvino, o caminho não é este; mas sim o inverso.

Questão confusa esta de causa-consequência. É como brincar com a origem do ovo e da galinha. Você é assim porque age desta maneira? Ou é desta maneira porque age assim? Esta problemática, tenho certeza, incomoda muitos daqueles que seguem o pensamento calvinista, assim como aqueles que tentam compreendê-lo.

Por exemplo, em relação à teoria da eleição, onde o homem já nasce salvo ou não, não cabendo a ele escolher, optar ou conquistar tal mérito, poderia-se questionar: "Mas se este homem já é salvo, poderá agir como quiser.. até mesmo matando ou roubando?". Para Calvino, exatamente por ele já ser um homem salvo, vai agir de forma condizente com o ensinamento bíblico. Ou seja, ele não é salvo porque age corretamente, mas sim o inverso... age corretamente (ou busca tal modo de vida) porque é salvo.

O agir extremamente racional do calvinista também tem origem nesta teoria ou forma de pensar. Isto porque, sabendo que sua salvação não depende dele mesmo, mas é dom (escolha) de Deus diretamente, não por méritos (para que não se vanglorie), o calvinista passa agir como lhe compete, buscando a informação, estudando o que está à sua disposição. Diferente age o católico, buscando ter e praticar boas ações para se ter o lugarzinho garantido no céu, como antes fazia através das difamadas indulgências. Afinal, tal glória depende dele! Tal pensamento vai gerar problemas psicológicos graves, como a ansiedade gerada por tal carga, pois ele carrega o peso sozinho de seus atos. TUDO depende dele, enfim.

O calvinista, questionador, racionaliza de forma direta, mais simples e talvez mais eficiente. Afinal, quem seria o homem para conquistar tamanho galardão? Que poder é este que teria ele mesmo de escolher o próprio destino? Deus não é tão grande assim? Seu poder e sua vontade estão limitados às escolhas humanas?

Assim, a racionalização protestante tem efeito e consequências vitais na Teologia (estudo de Deus). O ascetismo intramundano não pode ser interpretado como posicionar-se em uma sociedade e não interagir com a mesma. Não há como viver neste mundo, pensando somente naquele outro. É como dizer que a Internet não existe, pois é virtual e deve ter seus efeitos desvinculados do mundo real. Não! Neste exemplo, a internet fornece informações PARA o mundo real, para que possamos racionalizar e vivenciar de maneira mais eficiente tal realidade. Assim são os ensinos teológicos; não existem apenas para o ser humano criar um mundo próprio, virtual em sua mente, caracterizando o ideal dualista do DEVER SER. Não! É necessário aplicar esta racionalização teológica no mundo real. É preciso entender que a teoria estudada (e deve ser estudada em demasia) deve ser aplicada, vivida. A não realização desta conduta nos torna hipócritas, pois pensamos e até falamos de algo que não vivemos, que não sentimos. Talvez por isso tantas pessoas atualmente se assustam ou se ofendem quando defrontadas com a verdadeira REALIDADE. Talvez por isso a humanidade tornou-se tão sensível, tão fraca. Talvez por isso seja melhor ser católico ou evangélico "renovado" hoje em dia, pois não há que se pensar, basta aceitar o "conhecimento" mastigado de alguem superior a ele dentro de sua igreja, como antigamente fora feito... Os papas e bispos da "santa igreja católica" antiga ainda existem, mas é mais fácil fingir que não... aceitá-los, ouvir em "latim" o que deve ser feito, segundo à sua hermenêutica. Talvez seja melhor do que parar e pensar!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Racionalismo Protestante: Calvino x Weber

Este é um assunto que me intriga desde a faculdade de Direito. Tive um professor de Sociologia que afirmava em sala de aula, baseado na obra de Max Weber, "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", que os protestantes, principalmente os calvinistas, teriam gerado o espírito capitalista do ser. Para ele, mal interpretando Calvino, assim como Weber o fez, a teoria da eleição afirmaria que o seguidor deste pensamento haveria de ser um homem de sucesso, de posses.

Weber, em seu livro, ainda relaciona estatísticas de época a esta famigerada teoria, mostrando que os protestantes dominariam a maior parte da riqueza produzida e teriam muito mais acesso às Universidades na Alemanha do que os católicos, por exemplo. Ora, não seria, no mínimo, plausível pensar que aquele que busca por mais, tem a possibilidade de se ter mais? Ou seja, é perceptível que o homem protestante indaga mais, questiona mais, PROTESTA mais. Isso em relação ao católico, que sempre fora um povo de "aceitação".

Se acompanhássemos duas crianças, desde sua tenra idade, onde uma seria mais questionadora (alma protestante) e a outra não, aceitaria tudo que a mãe, professora, etc. lhe falasse (alma católica), estes dois infantes, por lógico, teriam educações diferentes, não no sentido do que lhe foi ensinado, mas a forma de recepção deste conhecimento. Assim como é clássico o exemplo na Psicologia Infantil de duas crianças criadas pela mesma mãe, tendo personalidades diferentes; consequência esta da recepção do conhecimento, da reação emocional em torno que lhe é passado. Bem, voltando ao pensamento do que denominei "almas" protestantes e católicas... da maneira que pensamos, a criança que fora criada com mais questionamentos, mantendo esta forma, consegue adquirir mais conhecimentos, pois buscará mais em sua adolescência e juventude, o que refletirá em sua vida adulta, quando aplicações práticas ocorrerão, tendo, por consequência, maior possibilidade de sucesso do que aquela outra criança que não foi habituada a pensar nas coisas que lhe são ensinadas.

Não é aqui, por certo, minha intenção afirmar que o protestante tem mais capacidade do que o católico, mas sim de concluir que uma criança questionadora, que normalmente verte para o espírito protestante, tem sim mais condições e mais chances de sucesso do que uma outra que assim não agiu ou foi "treinada" (relembrando Skinner).

Concluindo, o fato de ser protestante ou católico não determina o sucesso. Não é porque um ser é calvinista que este terá mais sucesso do que um católico na vida material, mas sim porque este ser foi treinado ou nasceu com o espírito indagador, questionando a tudo que lhe é passado, descobrindo por si os motivos e razão da sociedade que o circunda e a maneira de interação da mesma com este indivíduo. Poderíamos assim, por exemplo, colocar a "culpa", na filosofia... por que não? Afinal, um filósofo é mais indagador que um não-filósofo.

Não obstante, na sociedade capitalista atual, o filósofo não é materialmente mais valorizado do que um advogado, por exemplo. O PENSAR deste primeiro não tem a mesma motivação social do último. Daí surgem outros problemas, dos quais tratou Weber de expor e comparar novamente com as teorias de Calvino. Continuaremos sob esta temática na próxima postagem.

domingo, 22 de novembro de 2009

Racionalização Calvinista

Iremos iniciar nossos estudos focados na Racionalização Calvinista, qual seja a teoria de que a especificidade racional da religião ocidental ORIGINARIA o dualismo do ser, e não solucionaria a questão, como entende Weber. O mundo dualista, como sabemos, nos traz conceitos muito difundidos no meio filosófico, gerando consequências acadêmicas até mesmo para estudos jurídicos, como no caso da Teoria de Kelsen. Entretanto, ater-se ao dualismo religioso aqui se torna mais importante. O SER, em um dos pólos, mundano, profano, se contrapõe ao DEVER SER, sagrado, perfeito. O que se é, porém, não percorre o caminho da teoria mal compreendida da Teodicéia do Sofrimento, como veremos.