terça-feira, 24 de novembro de 2009

Racionalismo Protestante - Parte II

O racionalismo protestante tendo sido característica básica do calvinismo. Apesar de alguns pensarem que a racionalidade determina a salvação, novamente tomando falsas conclusões das obras de Calvino, o caminho não é este; mas sim o inverso.

Questão confusa esta de causa-consequência. É como brincar com a origem do ovo e da galinha. Você é assim porque age desta maneira? Ou é desta maneira porque age assim? Esta problemática, tenho certeza, incomoda muitos daqueles que seguem o pensamento calvinista, assim como aqueles que tentam compreendê-lo.

Por exemplo, em relação à teoria da eleição, onde o homem já nasce salvo ou não, não cabendo a ele escolher, optar ou conquistar tal mérito, poderia-se questionar: "Mas se este homem já é salvo, poderá agir como quiser.. até mesmo matando ou roubando?". Para Calvino, exatamente por ele já ser um homem salvo, vai agir de forma condizente com o ensinamento bíblico. Ou seja, ele não é salvo porque age corretamente, mas sim o inverso... age corretamente (ou busca tal modo de vida) porque é salvo.

O agir extremamente racional do calvinista também tem origem nesta teoria ou forma de pensar. Isto porque, sabendo que sua salvação não depende dele mesmo, mas é dom (escolha) de Deus diretamente, não por méritos (para que não se vanglorie), o calvinista passa agir como lhe compete, buscando a informação, estudando o que está à sua disposição. Diferente age o católico, buscando ter e praticar boas ações para se ter o lugarzinho garantido no céu, como antes fazia através das difamadas indulgências. Afinal, tal glória depende dele! Tal pensamento vai gerar problemas psicológicos graves, como a ansiedade gerada por tal carga, pois ele carrega o peso sozinho de seus atos. TUDO depende dele, enfim.

O calvinista, questionador, racionaliza de forma direta, mais simples e talvez mais eficiente. Afinal, quem seria o homem para conquistar tamanho galardão? Que poder é este que teria ele mesmo de escolher o próprio destino? Deus não é tão grande assim? Seu poder e sua vontade estão limitados às escolhas humanas?

Assim, a racionalização protestante tem efeito e consequências vitais na Teologia (estudo de Deus). O ascetismo intramundano não pode ser interpretado como posicionar-se em uma sociedade e não interagir com a mesma. Não há como viver neste mundo, pensando somente naquele outro. É como dizer que a Internet não existe, pois é virtual e deve ter seus efeitos desvinculados do mundo real. Não! Neste exemplo, a internet fornece informações PARA o mundo real, para que possamos racionalizar e vivenciar de maneira mais eficiente tal realidade. Assim são os ensinos teológicos; não existem apenas para o ser humano criar um mundo próprio, virtual em sua mente, caracterizando o ideal dualista do DEVER SER. Não! É necessário aplicar esta racionalização teológica no mundo real. É preciso entender que a teoria estudada (e deve ser estudada em demasia) deve ser aplicada, vivida. A não realização desta conduta nos torna hipócritas, pois pensamos e até falamos de algo que não vivemos, que não sentimos. Talvez por isso tantas pessoas atualmente se assustam ou se ofendem quando defrontadas com a verdadeira REALIDADE. Talvez por isso a humanidade tornou-se tão sensível, tão fraca. Talvez por isso seja melhor ser católico ou evangélico "renovado" hoje em dia, pois não há que se pensar, basta aceitar o "conhecimento" mastigado de alguem superior a ele dentro de sua igreja, como antigamente fora feito... Os papas e bispos da "santa igreja católica" antiga ainda existem, mas é mais fácil fingir que não... aceitá-los, ouvir em "latim" o que deve ser feito, segundo à sua hermenêutica. Talvez seja melhor do que parar e pensar!

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