quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Pilares - SOLA FIDE (I)

A ideia de Calvino foi muito mais além do simples racionalismo protestante. Sua reforma fora muito mais do que a reestruturação da igreja da época ou da fé confessa. A mudança calvinista reestruturou cidades inteiras, iniciando por Genebra, na bela Suíça. Calvino obrigou-se a estudar, escrever e pregar o que aprendeu a aqueles interessados, os quais fizeram o mesmo, espalhando os conhecimentos para toda Europa e para o mundo, a posteriori.

No que tange à Filosofia da Religião, Calvino estabeleceu algumas bases sólidas para guiar todo o pensamento em relação ao que se deve pensar em total acordo com o que está escrito no livro sagrado. A Bíblia seria sim sua única REGRA para se crer e agir. Alguns pilares foram estabelecidos; cinco para ser mais exato. Estes pilares são a sustentação de toda a fé protestante, apesar de pouco conhecidos no meio "evangélico" atual. A desvirtuação da verdadeira fé parece acontecer novamente na história. No século XVI, a igreja católica vendia suas indulgências para perdoar pecados, até mesmo de pessoas já mortas. Hoje, igrejas "evangélicas" também o fazem através da teoria da prosperidade, onde "quanto mais o fiel entregar à igreja, mais deus dará em retorno". Logicamente, não estou aqui englobando TODAS as igrejas ditas evangélicas, mas à maioria delas incluo com toda tranquilidade.

SOLA FIDE - do latim, "somente a fé". Este é o primeiro pilar a estudarmos. Para tanto, torna-se de vital importância sabermos como responder à seguinte pergunta: "Quem realmente somos?". O texto-base para estudarmos tal teoria encontra-se no livro de Éfésios 2: 1-10, carta esta escrita por Paulo.

Segundo Calvino, morremos no momento da QUEDA, com Adão. Afinal, a palavra de Deus é sempre cumprida. Ele não mentiria para nós, não é? E foi Ele mesmo quem disse: "Se comerdes deste fruto, certamente MORRERÁS". Adão comeu, logo... "Espere, mas Adão não morreu...". Em carne não, mas em espírito. Ali, naquele momento, perdeu seu livre-arbítrio, morreu em relação a Deus.

É comum nos dias de hoje vermos em todas as livrarias que os livros mais vendidos são aqueles de auto-ajuda. É comum ver o ser humano se gloriar de seus feitos, achando-se o dono do mundo. A soberba do ser nos levou à tentativa de criar vida, inventamos para nós mesmos uma teoria absurda de que toda a complexidade de um cérebro humano ou a biosfera por completa fora criada por uma simples explosão (Big Beng). Como o ser humano é ridículo. Imagine você indo a um velório, aproximando-se do caixão e dizendo ao morto: "Vamos.. tente novamente! Você pode, você consegue! Repita comigo: EU POSSO!". Não, meus caros, o ser humano nada pode, pois está realmente MORTO.

Ao menos, nascemos assim... com natureza pecaminosa, desvirtuada da Palavra. Já percebeu o quanto é difícil ensinar a uma criança alguma coisa realmente boa? Em contrapartida, esta mesma criança não precisa de nenhum gurú para ensiná-la a ser egoísta, por exemplo. Nossa natureza humana é assim. Somos assim por causa do que fizemos no passado. Estamos mortos.

Para Calvino, isso mudou. Deus nos deu uma segunda chance e ela tem nome: Jesus Cristo. Para o autor, Cristo é literalmente o Adão que deu certo. O Adão que não caiu. O Adão que não pecou. E mais, foi aquele que enfrentou a morte e venceu, a física por ele e a espiritual por nós. Segundo o texto bíblico, Deus nos ressuscitou em Cristo, ou seja, a ressurreição de seu filho nos levou para uma segunda chance, uma nova vida. Nascemos de novo.

Agora, seu povo caminha vivo, em Cristo. Salvos mediante a fé. Somente pela FÉ (SOLA FIDE). Cremos porque fomos escolhidos, e não o contrário. Não somos escolhidos porque cremos, por nosso mérito, pois o morto nada pode fazer. Deus vem a nosso encontro, e não o contrário. Não fazemos o bem, as boas obras, para conseguirmos a sonhada salvação. Somos salvos, por isso praticamos A (no singular) boa obra, qual seja a FÉ.

Concluo voltando à história antiga, repetida aos dias atuais. Não se pode vender salvação ou remissão de pecados, pois Ele nos deu gratuitamente (meio redundante, mas é aplicável). Não nos deu por nosso mérito, por sermos isto ou fazermos aquilo, mas pela sua imensa bondade (dom de Deus). Por que? Para que não nos vangloriemos perante a Ele. Para termos a ciência de quem é a criatura e quem realmente é o CRIADOR.

2 comentários:

  1. Oláaa, (hehe) aqui estou eu, não para esculhambar seu blog, mas para tirar algumas dúvidas!
    Então...
    O q vc quis dizer com " por isso praticamos A(no singular) boa obra, qual seja a Fé!"?
    A propria fé, seria, então, a boa obra??

    Por enquanto só essa questão!!!
    Simone :)

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  2. Sim, A Fé é a boa obra a que se referem os reformadores do séc. XVI. Seria o que nos cabe fazer, CRER. Nesta glorificamos a Deus, crendo nEle e em seu plano infalível, não crendo em teorias matemáticas, como os filósofos gregos, discutindo a razão de haver números pares e ímpares, que não resultaria a derivação da espécie... (Aristóteles - "A Metafísica")

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